domingo, 5 de abril de 2009

Não é preciso esconder os preconceitos.

por: naionara maia.

Falar de racismo no Brasil é difícil porque o país se auto intitula um país sem preconceitos. O termo correto seria “um país com preconceitos velados”. Temos bairros de negros e bairro de brancos. A todo o momento somos bombardeados com atos de racismo, palavras de racismo, expressões de racismo. Dizer então, que o racismo não existe ou que é uma coisa de outro mundo seria utopia e muita ingenuidade. Não mencionamos a palavra RACISMO para referirmo-nos apenas à discriminação contra a população negra. Falamos em relação a qualquer ser humano que seja tratado de forma desigual pela diferença (ou igualdade) na cor da pele, de gênero, orientação sexual e/ou classe social.

Nossa ação em combate ao racismo vai além de multas, processos judiciais por discriminação ou a detenção. Passa primeiro pelo crivo do desrespeito ao ser humano, independente da cor de sua epiderme, do tipo do seu cabelo ou do seu grau de escolaridade. Passa pela idéia nítida que temos quando percebemos que, embora a Constituição Brasileira traga em sua norma a garantia dos direitos fundamentais e da dignidade da pessoa humana, o que vemos é a discriminação, degradando e agredindo de forma tão desumana o indivíduo. E quando pensamos que o racismo vem de mãos dadas com as desigualdades sociais...tudo se torna mais triste e desafiador.

Não há para onde correr: temos que acreditar no poder da mudança que a educação produz! Precisamos de estudos, estudos reais, não de contos de fadas. Precisamos diminuir a ignorância, aproximar conhecimento do trabalho, tornar consideravelmente menor o abismo existente entre seres humanos que têm a cor da pele diferente, no caminho para acabar com a brutalidade com conceitos cristalizados, ultrapassados, que maltratam a nossa sociedade.

Não é preciso esconder o preconceito, ou fingir que ele não existe. Já que nosso processo de colonização nos instruiu a aceitar e repassar a idéia de quem é modelo de perfeição e de superioridade, temos que re-educar não só as crianças como os/as adultos/as, os/as adolescentes, os/as jovens, os/as idosos/as e até a nós mesmos/as, propondo uma sociedade justa, na qual padrão de beleza não é só aquele que passa na tv, que cabelo bom não são só aqueles de raízes lisas e que cada um vale pelo que é e não pelo que tem ou representa.

O homem confiará no homem como um menino confia em outro menino”

Thiago de Melo


4 comentários:

Unknown 5 de abril de 2009 às 19:57  

Com certeza, mesmo que a sociedade queira ou que a elite espalhe por aí que vivemos numa democracia racial, os dados e as segregações estão claras e presentes no dia a dia! Parabéns, Narinha! Seu texto está bem condizente com a realidade brasileira racista que insistimos em lutar contra, e de pé!!
Axé!!

Netto Nunes 26 de abril de 2009 às 12:21  

Adorei os "/as"...Essa menina é de Iansã...
Tenho orgulho da minha negritude!Parabéns palo bom texto, longe do radicalismo e da revolta.esole

Roberlan 16 de maio de 2009 às 12:30  

Parece batido esse assunto. Ainda lamentável. Sou preconceituoso e me envergonho disso, acho que há uma solução: reconhecer.

oscar Baccino,  22 de maio de 2009 às 17:34  

Quero parabenizar esta jovem mulher e toda esta bela familia do movimento negro por assumir a sua responsabilidade de cidadania e de vigilancia do seus direitos e deveres.Conhecer para amar e cuidar.
Lembro a vocés que o racismo e proprietario da chamada "grande imprensa" e que o alvo de seus ataques e o brasil e seu povo e não a raça negra em particular.
Quero alertar sobre a estrategia colonialista na a frase do maquiavel..."Para destruir alguem o primeiro paso é destruir sua dignidade"...pensem sobre a proposta de liberação do aborto e seus impactos na dignidade humana.

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